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"O Mundo Odeia-me" (1953) é uma aula de tensão

O filme dirigido por Ida Lupino parte de uma história baseada em casos reais. Roy Collins (Edmond O’Brien) e Gilbert Bowen (Frank Lovejoy) saem para pescar nas montanhas da Califórnia, mas acabam mudando de planos e decidem ir ao México. No caminho, oferecem carona para um estranho, sem imaginar tratar-se de Emmett Myers (William Talman), um perigoso assassino procurado nos EUA e conhecido como “o caronista assassino”.

A história é basicamente essa, o que vai se desenvolver a partir daí é a tensão constante que nós participamos. Desde o começo aparece um texto que diz que isso poderia acontecer com qualquer um, o que remete ao que o Hitchcock dizia ser aquelas histórias extraordinárias que acontecem com um homem comum. Com a trama passando na maior parte dentro de um carro, a diretora traz essa sensação asfixiante, usando planos fechados para expressar a angustia que as vítimas passam.

O filme tem um visual de documentário, tendo várias cenas externas e com luz natural. Algumas cenas noturnas são marcadas por luzes em locais específicos e muitas sombras. A direção de atores é certeira, provavelmente porque a própria Ida também era atriz. Ela consegue construir uma história que te prende a todo momento e te deixa envolvido, preocupado com a consequência de algum movimento em falso. Duas cenas particularmente causam grande tensão, uma é quando Bowen é obrigado pelo assassino a mirar em uma lata nas mãos de Collins, correndo o risco de acertá-lo, e a outra, quando tememos que Collins, por estar com a roupa de Myers ser morto.

Além de mostrar a grande competência dessa diretora que abriu caminho para várias outras mulheres, o filme é imperdível para os fãs do gênero noir e de um bom filme de estrada. Veja online: https://www.youtube.com/watch?v=X3mqiyZjZDs.

Ida Lupino dirigindo:




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