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A GAROTA QUE SABIA DEMAIS (1963)




“A Garota que Sabia Demais” ou “Olhos Diabólicos” é um filme italiano/americano dirigido por Mario Bava. Nesse filme o diretor cria um novo gênero de filme, o Giallo. Em italiano, Giallo significa amarelo, e é uma referencia aos livros policiais e de suspense publicados sempre com uma capa amarela na Itália. O Giallo é uma mistura de filme policial com suspense. (veja mais sobre o gênero em: http://www.tudosobreseufilme.com.br/2015/06/o-que-e-o-giallo-italiano.html)

A história é de uma americana chamada Nora (Leticia Roman) que ama ler histórias de assassinatos. Ela viaja para a Itália e lá ela ficaria hospedada junto com uma amiga da família, Ethel, mas acontece que ela está muito doente, e apesar do cuidado do médico Marcello (John Saxon) a mulher morre. Isso só desencadeia acontecimentos extraordinários e Nora se vê em uma história real de assassinato e luta para descobrir a verdade.


O filme tem duas versões, por isso dois nomes. “A Garota que Sabia Demais” é a versão italiana e “Olhos Diabólicos” é a versão americana do mesmo filme. Eu não sabia disso quando baixei a versão em italiano, mas meus ouvidos se incomodaram muito por causa da dublagem que fizeram, já que originalmente os atores falam em inglês.

Muitos preferem a versão italiana, mas eu prefiro a versão em inglês. Essa segunda tem mais cenas, o que complementa o filme e também tem a voz em off do pensamento de Nora. Já na Italiana, além de mal dublada, o filme faz muitos cortes e muda o final, e em vez de ouvirmos o pensamento de Nora, ouvimos um narrador, o que o torna com mais cara de livro do que de filme.

Nas duas versões os cortes muito são muito bruscos. Primeiro Nora está procurando uma pessoa muito importante para a ajudar no mistério, depois ela está deitada em uma praia pegando sol. Uma transição mais sutil teria feito muita diferença. A história também é cheia de furos, mas geralmente os Gialli (plural de Giallo) não se preocupam tanto com o roteiro, prezam mais a parte visual.

Por isso a fotografia feita pelo próprio Mario Bava é excelente! Cada frame é como uma obra de arte, eu teria todos eles em quadros espalhados pela casa. A iluminação é muito criativa, com relevos e sombras que criam a atmosfera de suspense. Vale destacar a cena em que Nora vai até um prédio que tem lâmpadas penduradas em fios muito distantes do teto, as luzes balançam criando um “pisca-pisca” que nos deixa com medo, porque não vemos bem e não sabemos o que vai aparecer.

Voltando a cena da praia, acredito que ela foi filmada pensando em uma frase de Hitchcock (alias, o próprio nome do filme é uma referencia a um filme de Hitchcock: O Homem que Sabia Demais): “Filme os seus assassinatos como cenas de amor, e as suas cenas de amor como assassinatos”. E essa cena na praia é literalmente uma cena de amor filmada como uma cena de assassinato.

Apesar de pouco conhecido, Mario Bava é considerado um gênio e os filmes de terror não seriam os mesmos sem ele. Vale a pena conhecer mais sobre sua obra. E se você é medroso como eu, não se preocupe, esse filme é um dos mais leves dele.

PS: Tente não dar PRINT em todas as cenas, apesar de ser difícil se segurar.
Trailer americano:

Trailer Italiano:

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